segunda-feira, abril 04, 2011

REGIONALISMOS...

Hoje eu pretendia contar sobre o meu irmão. Só que, na minha leitura matinal de blogs, dei com um texto delicioso da minha nova amiga Mariazita e a coisa acabou me levando para outros caminhos. Meu maninho vai ter que se conformar em aparecer na próxima postagem, pois desta vez vou falar sobre outro assunto.

Sempre fui fascinada por diferenças de linguagem. Acho que desde que tive a minha primeira amiga de escola, importada de Lisboa para cá. Tínhamos altas discussões sobre o que era certo: se era "abrir e fechar a luz", como ela dizia, ou "acender e apagar", como eu dizia. Se o certo era "chapéu" ou "guarda-chuva". Foram discussões que tivemos até ela voltar para Portugal, ainda criança, e que retomarmos trinta anos depois, já esclerolescentes, quando nos reencontramos nesta internet: desta vez, demos altas risadas quando demorei a entender que a "mulher a dias" que ia à casa dela é a mesma coisa que a "empregada diarista" daqui.

Eu já sabia que havia essa diferença enorme nos termos falados por aqui e os da nossa "terra-mãe". Mas  mesmo dentro deste Brasilzão vemos uma diferença enorme de termos, dependendo da região. Vou tomar por exemplo a caseira dos meus pais: nascida e criada no interior de Santa Catarina, onde houve muita influência alemã e também italiana, ela fala um português com um sotaque que eu adoro. Bem humorada, ela conta que a neta, nascida e criada em São Paulo, diz que "a Vó fala engraçado". Pois bem, lá no sítio não comemos pão e sim o "pon" que ela faz. Maravilhoso, por sinal. Acho que se fosse somente "pão" não seria tão gostoso.

Certa vez, ela nos contou que, logo que veio pra São Paulo, foi trabalhar em casa de família chique. Daquelas em que as refeições são servidas em vários pratos, coisa fina mesmo. E, certa vez, o patrão pediu que se servisse mexerica de sobremesa. Que desespero! Ela voltou à cozinha, olhou... olhou... e não descobriu o que era a tal mexerica. Cheia de vergonha, e já pedindo desculpas, voltou à sala de jantar e explicou que não sabia que fruta era aquela que eles gostariam de comer e que, se eles a descrevessem, talvez ela conseguisse encontrar. O patrão explicou:
- Mexerica é aquela fruta cor-de-laranja, sabe? Uma que você tira a casca com as mãos e come os gomos?
- AAAAAAAH!!! O senhor quer dizer Bergamota???
Pois é. E com isso, nós aprendemos que, quando formos para o Sul, só comeremos bergamota.

Mas o caso mais divertido dessa diferença de linguagens foi contado pela minha sogra. Nascida na Bahia, ela veio para cá aos 16 anos e poucas vezes voltou à sua terra natal. Em uma dessas viagens, deixou os irmãos roxos de vergonha, quando saiu pra passear na roça e voltou reclamando que a calça estava "cheia de picão". Ela se referia àquele mato que solta espinhos na roupa da gente mas, por lá, a palavra se referia a outra coisa... como direi... assim meio não recomendada para blogs familiares. Passada a vergonha geral, ficou mais uma anedota a ser contada aos risos em nossa família.

Desejo uma ótima semana a todos vocês e prometo voltar ao meu irmão no próximo post!

13 comentários:

Miguel disse...

Pois é Luciana, essa questão de regionalismo nos prega muitas e boas surpresas. Trabalhava no Unibanco e viajava muito ministrando palestras de crédito, economia, e sempre me deparava com citações estranhas, por exemplo, no Rio Grande do Sul farol é chamado de sinaleira, e borracheiro de recauchutador. No Rio de Janeiro encanador é bombeiro. Outro dia conversando com um senhor português aqui do condomínio, ele me perguntou para qual time torcia e respondi - São Paulo. Imediatamente ele retrucou - "É, a única coisa bonita do São Paulo é a camisola". Não falei nada mas fiquei aborrecido, as torcidas adversárias ja nos chamam de "Bambis", e agora vem o portuga dizendo que usamos "Camisolas?" Mais tarde soube que em Portugal as camisas são chamadas de camisolas. Ficou elas por elas e tudo bem, sem brigas com o portuga. Bj minha cara, gostei muito deste teu outro espaço, estarei sempre por aqui. Inté.

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Boa tarde, querida amiga Luciana.

Essas diferenças são bonitas e hilárias mesmo. Esse Brasil imenso, parece até vários países, em um.

Seu irmão vai esperar um pouco, mas foi lindo você ter a chance de voltar a ter contato com a sua coleguinha portuguesa.

Sobre a sua sogra, imagino o quanto se divertiram com ela.

Eu também conheço como "picão", aquelas bolinhas que grudam na roupa da gente, porque elas são cheias de fiapos parecendo espinhos.

Nosso país é farto de tudo, né?

Um grande abraço.
Tenha uma linda semana, cheia de paz e realizações.

(Muito obrigada pela honra da sua visita e pelo carinho)

Mere disse...

Eu me amarro nesse assunto pq proporciona muitas gargalhadas.

Bjosss

p.s.: esclereolescente foi muito boa.

Mere disse...

risos...

Bem, então, tive de voltar para me certificar, também, se desejei "Boa Semana", pois, senão, desejar-te-ia, e, sendo assim, que vc, tb, tenha uma Boa Semana em dobro.


p.s. só nós duas.

Mariazita disse...

Luciana
Vc tem um senso de humor que me encanta.
O comentário às “calcinhas da Maria Eugénia” provocou-me uma boa gargalhada!
Nem vc poderia imaginar as vantagens duma barriguinha gordita – serviu p’ra ganhar lugar sentado no ónibus …rsrsrsrssss
O comentário ao ultimo post é igualmente bem disposto.
Que bom ter encontrado vc! Gosto tanto de rir…

Falemos agora de seu post.
O Brasil é um país enorme, não admira por isso a diversidade de termos existente.
Portugal, um país minúsculo, se comparado com o Brasil, tem enorme variedade de termos, também.
A sua amiga, que esteve aí consigo e mais tarde encontrou na blogosfera deve ser do norte. Aqui no sul a "mulher a dias" é "empregada"; os "bolinhos de bacalhau" do norte são "pasteis de bacalhau" no sul.
E não vou entrar pelo campo do "picão" rsrsrsrsrsssss
Aí é um nunca acabar de diferenças.

Vou dar o assunto por encerrado, senão nunca mais me calo :)

Uma semana feliz. Beijinhos

KS Nei disse...

:-)))

Uma ótima semana procê, Nei!

beijocas...

Pruce também!
Besos!
Nei

Anônimo disse...

Lu, querida! Estive meio afastada dos blogs porque estou participando de algund desafios literários que estão ocupando muito do meu tempo, mas voltei para ficar. Vou trazer para vocês apreciarem alguns textos de lá, quem sabe se você gostaria de participar conosco? É uma ideia. E quando é que vocês vem aqui de novo, almoçar conosco, tocar violão, cantar e joga oonversa fora? Quando quiserem é só marcar.
Beijos! Maith

maray disse...

Sobre essa coisa de parecer e não ser, que acontece entre nossa língua e tantas outras derivadas da mesma mãe, descobri, quando comecei a dançar tango e a estudar mais o assunto, que o lunfardo, que foi a gíria tangueira e dos malandros porteños do século passado, é muito parecido com a nossa gíria. No lunfardo também existem as "minas", o verbo "afanar", e montões de outros termos que a gente usa aqui. Você pode ver muito disso nas letras do incrível Discépolo!

bjs

Marcelo "Muta" Ramos disse...

Excelente Lu!

Vivo isso semanalmente, já que viajo bastante a trabalho e meio que me acostumei, mas é mesmo um ótimo assunto.

Mas o que venho tentando decifrar mais recentemente, são as origens dos sotaques de cada região... Fico pensando nas influências das outras línguas e como cada uma influencia o modo de se falar e não apenas as diferentes palavras usadas. Juro que ainda gravo o povo de cada canto do Brasil falando a mesma frase, hehehe.

Definitivamente esse assunto é interminável e muito interessante!!!

Marina disse...

Eu não sou da Bahia, mas sei o que é picão. Deve ser a mesma coisa em todo o nordeste. E o espinho que gruda na roupa aqui é "carrapicho".

J.F. disse...

Oi, filha.
E se você for falar em mexerica no Rio de Janeiro, também não será entendida. Considero essa diversidade de termos e de sotaques regionais, e entre os paises de lingia portuguesa, como riqueza de nossa língua. Se você sair apenas pelo estado de São Paulo, irá encontrar, no mínimo, uma meia dúzia de sotaques diferentes. E assim pelo Brasil afora. Acho isso maravilhoso e gosto muito de ouvir pessoas de outros estados. Tanto pelas suas pronúncias como pelos termos diferentes. Isso sem falar no tratamento entre pessoas que em alguns estados se faz na segunda pessoa (tu) e em outros se faz na terceira (você). E tudo isso é português falado corretamente. KKKKKKKKKKK Deve ser por isso que, dizem, o português é uma língua difícil de ser aprendida por estrangeiros.
Beijão

Anônimo disse...

Uma das coisas q sou apaixonado por língua é essa diversidade...
Sei pouco sobre os termos de Portugal, como telemóvel pra celular, bicha pra fila...
Aqui não ficaria bem, "Cadê seu pai???", "Tá bem ali atrás da bicha"...
Menino é puto e por aí vai...
Bjão!!!

Rosamaria disse...

Lu, aqui no sul picão é uma coisa e carrapicho é outra, com o mesmo significado daí.
O pãozinho francês daí é que tem um nome diferenciado aqui, é cacetinho. Pode?
Bjim.