segunda-feira, outubro 31, 2016

LIGEIRAMENTE DISTRAÍDA- parte 3

Aí maridão chega em casa. Nós estamos fazendo um trabalho em conjunto. E eu pergunto pra ele:
- Só fiquei em dúvida na cor que eu pinto a asa. Se faço em branco ou pinto cor de asa de pássaro.
E o Vagner:
- É bom você pintar a asa com cor de asa de pássaro. Mesmo porque cor de asa de peixe eu nunca vi.
Programação para o dia: trabalhar muito.

Você coloca uma roupa confortável (vantagem de se trabalhar em casa) e uma seleção de músicas legais no player do seu computador para poder te inspirar.

Aí o pessoal do Aeroporto de Congonhas resolve inverter as pistas, e você não consegue ouvir nada da sua playlist porque tem avião decolando por cima da sua cabeça a cada dois minutos.

- FIM -

domingo, outubro 30, 2016

TÍPICA TARDE DE DOMINGO

Saio com a Juliana e a Vanessa logo após o almoço até o shopping aqui perto, para procurarmos um lápis de olho branco para uma festa de Halloween que a Nê vai ter amanhã cedo.

Na caminhada de ida, vamos em meio a um devaneio sobre o que fazer para manter o Roberto Carlos vivo e assim não corrermos o risco da humanidade ficar eternamente empacada no ano em que não houver mais o especial de fim-de-ano do Rei.

Na volta, resolvo entrar no Pão-de-Açúcar para comprar material pra uma sopa. Enquanto passando as minhas compras, a Vanessa olha pro lado de fora do supermercado. Quando se vira para o meu lado, a caixa olha para ela, ri, e me diz qualquer coisa sobre "sua filha" e "Flashback". Nenhuma de nós entende o que a caixa quis dizer, mas em todo caso sorrimos de volta.

- FIM -

sábado, outubro 29, 2016

LIGEIRAMENTE DISTRAÍDA -parte 2

Aí eu passo a manhã de sexta completamente envolvida em um trabalho. Olho no computador: já passou de uma. A Vanessa ainda não chegou da escola e, pra variar, não mandou mensagem avisando que vai se atrasar.
Vou para a cozinha pra começar o almoço. No caminho, vejo a porta do banheiro fechada, e a Juliana usando o notebook, sentada à mesa da sala. E aí eu pergunto:

- Ju! Quando que a sua irmã chegou da escola?
- Hmmm... ontem?
- Hã?
- Mãe. A Vanessa não teve aula hoje.
- Ah é...
- Nós tomamos café da manhã todos juntos.
- Ah... é mesmo.

Nota mental: preciso aprender a desligar o meu botão de piloto automático quando não estiver trabalhando.

quinta-feira, outubro 27, 2016

ONTEM À NOITE

Há anos, temos o hábito de só abrir a porta com a chave quando não há ninguém em casa. O normal é tocarmos a campainha, pois é sempre mais gostoso ser recebido por nossos amados.

Normalmente quem abre a porta à noite para o Vagner sou eu, mas ontem a Vanessa estava ouvindo música na cozinha (por ser o lugar mais fresco do apartamento), e acabou recebendo o pai antes de mim. E já começou a conversa:

- Pai, eu estava pensando...
- O que, Vanessa?
- Que seria muito legal se o vinho suave, só se chamasse suavinho.
- Mas não dá. Esse nome fica com duplo sentido.
- Eu sei que fica, mas aí é mais legal ainda.
- Não é, Vanessa.
- É sim, pai! Você chega no restaurante e só pede: "eu quero um Suavinho". Já pensou???
- Já pensei que você não existe, mesmo.

Não importa. Seja aos 17 de agora ou aos 4 de antigamente. A Vanessa sempre vai ser inspirada.

domingo, outubro 23, 2016

LIGEIRAMENTE DISTRAÍDA...

E aí eu precisava ir verificar se a água da panela de arroz estava fervendo e quando percebi já tinha aberto a garrafa térmica e e ia jogar todo o café na pia.

Isso porque outro dia quase perdi uma ligação da minha mãe porque fiquei procurando o telefone sem fio, que estava na base. E ainda ganhei um pedido de desculpas, por estar ficando cada vez mais parecida com ela.

sexta-feira, outubro 21, 2016

HISTORIETA

Manhã numa rodoviária, no interior de São Paulo. Enquanto espero o ônibus para a Capital, um palhaço de roupa bem amassada, com chupetas de carnaval penduradas no pescoço e carregando uma maleta de executivo fala sobre sua descrença na política e que rasgou o seu título de eleitor depois que a prefeitura cortou a verba para a visita de palhaços a hospitais. Chega uma família com uma menina pequena, o palhaço esquece da política para brincar com a criança. Improvisa uma música pra ela, saca uma bomba de ar e bexigas de sua mala de couro e improvisa uma maçã do amor.

Minha condução chega, e eu penso que adoraria estar com meu irmão nesta viagem de volta, pois normalmente é com ele que acontecem essas passagens. Creio que passaríamos um tempo conversando sobre toda a simbologia da coisa.

segunda-feira, outubro 17, 2016

SÁBADO DE MANHÃ.

Estou no salão, prestes a dar um trato em meu cabelo, quando meu celular começa a vibrar furiosamente e aparecem na tela mensagens da Vanessa: "MANHÊ" "Socorro" "Pelo amor de Deussssssssss" e "Responde mulher". Confesso que sou meio apavorada, então me esqueço que não só a minha filha já está com 17 anos como está em casa com a irmã de 21. Ligo correndo pra ela antes de começar a lavar o cabelo, e em meio a barulhos de secadores e conversas externas mal e mal consigo entender pelos gemidos da Vanessa do outro lado do celular que ela foi esticar o braço, deu mal jeito na omoplata e queria saber algum exercício de alongamento pra melhorar a dor.

Falo de alguns vídeos que me lembro, desligo o telefone, lembro de outros, mando os nomes por mensagem e vou lá começar a minha tintura. Aparentemente a minha bolsa parou de apitar, então acho que os exercícios deram certo. Aí enquanto espero a meleca no meu cabelo fazer efeito dou outra checada no celular e vejo que tem nova mensagem, dessa vez da Juliana:

"Mãe, a Nê não tá conseguindo fazer o alongamento por causa da dor, então pensei numa compressa de gelo mas lá fala pra deixar no freezer por duas horas então não sei o que fazer."

"Ju, não precisa ser 2 horas. Deixa lá só pra gelar um pouco. E qualquer coisa tenta desgrudar a forma de gelo da geladeira, aí coloca em uma sacola de plástico e enrola em uma toalha. Aí na volta seu pai e eu passamos na farmácia e compramos salompas pra ela usar á noite."

"Ok"

Passam-se uns minutos e chega nova mensagem da Juliana:

"Mãe, vou tentar desgrudar a forma, mas não garanto nada. Aquilo já virou parte da geladeira."

E aí o Vagner e mais parte do salão fica olhando pra minha cara enquanto eu olho pro meu celular e gargalho descontroladamente.

terça-feira, outubro 04, 2016

Aquele dia em que sua filha te manda mensagem no celular lembrando que vem com um bando de colegas pra almoçar em casa e passar a tarde fazendo trabalho e logo em seguida o seu zelador te interfona avisando que vai desligar a água do prédio da uma até as três da tarde.
Vou lá no canto chorar um pouco e depois eu volto.